Enquanto pai que sou, tenho muitas vezes a sensação que o tempo pode curar quase todas as nossas maleitas, sendo que o desaparecimento de um Pai, de uma Mãe ou de um Filho é certamente a mais dura de todas elas.
Em inúmeras ocasiões, desesperei com o trajecto de progressão do meu filho varão de 7anos de idade, na medida em que este tinha e tem pavor de dormir sozinho ou de livremente movimentar-se pela casa argumentando que vê um “velhinho” que não é visto por mais ninguém.
Muitas vezes pensei que estaria a fazer algo de mal, ao não perceber a sua irritação e desinteresse pelas tarefas escolares e a enfurecer-me pelo seu alheamento de tudo o que não fosse respeitante ao Spider Man, Batman, Homem de Ferro ou ainda a jogos electrónicos.
Surpreendentemente, no dia de ontem, notei que este meu filho, não só estava muito satisfeito pelo facto de a sua professora o ter elogiado, como também irradiava entusiasmo com tudo aquilo que tinha sido o seu dia e discorria assertividade sobre o que iria fazer no futuro.
Tal inesperado salto do ou no tempo, injecta felicidade no coração de qualquer pai que se preze, e eu naturalmente não fujo à regra.
Vendo bem, quando os anciãos falam sobre o tempo e os seus efeitos certamente não o fazem vão.
No dia de hoje, dei comigo a pensar que este “salto no tempo” do meu filho é indiciador de que muito em breve deixarei de ter razão de queixa com a sua progressão e só poderei vigiar a sua evolução.
Até lá, mais ou menos à hora de dormir vou-me aninhando com ele na cama à espera de ver o meu ou o nosso “velhinho” por lá a divagar.
RMPC para Up To Lisbon Kids